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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Um Pouco De Céu




Um Pouco De Céu -  (Letra)

Só hoje senti
que o rumo a seguir
levava pra longe
senti que este chão
já não tinha espaço
pra tudo o que foge
não sei o motivo pra ir
só sei que não posso ficar
não sei o que vem a seguir
mas quero procurar
E hoje deixei
de tentar erguer
os planos de sempre
aqueles que são
pra outro amanhã
que há-de ser diferente
Não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu (4X)
Só hoje esperei
já sem desespero
que a noite caísse
nenhuma palavra
foi hoje diferente
do que já se disse
e há qualquer coisa a nascer
bem dentro no fundo de mim
e há uma força a vencer
qualquer outro fim
Não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu (6X)

Mafalda Veiga




Lado Lunar




Lado Lunar - (letra )

Não me mostres o teu lado feliz
A luz do teu rosto quando sorris
Faz-me crer que tudo em ti é risonho
Como se viesses do fundo de um sonho
Não me abras assim o teu mundo
O teu lado solar só dura um segundo
Não é por ele que te quero amar
Embora seja ele que me esteja a enganar
[Refrão]
Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser para ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar
Desvenda-me o teu lado mausão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruínas de amor
Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
à prova de bala à prova de tudo
[refrão]
Mostra-me o avesso da tua alma
Conhecê-lo e tudo o que eu preciso
Para poder gostar mais dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas do teu sorriso
Não é por ela que te quero amar
Embora seja ela que me vai enganar
Se mostrares agora o teu lado lunar
Mesmo às escuras eu não vou reclamar

Rui Veloso





Eu Não Sei Quem Te Perdeu




Eu Não Sei Quem Te Perdeu - (Letra)

 
Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".
E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.
E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

Pedro Abrunhosa


Bela e Monstro




Bela e Monstro - (Letra)

Era uma vez
Contaram-me a mim
Amigos talvez
Quando o amor se fez
De repente assim
Algo que mudou
Pouco e devagar
Ambos a tremer
Quase sem saber
Bela e Monstro amar
Sempre foi assim
Sempre assim será
Sempre tudo igual
Tão certo e real
Como o sol nascer
Sempre foi assim
Sempre assim será
Sempre tudo igual
Tão certo e real
Como o Sol nascer
(2X)
Era uma vez
A canção de amor
Que bom aprender
Os seus erros ver
Tentar ser melhor
Certo como o Sol
Atingir o ar
Era uma vez
Música se fez
Bela e Monstro amar
(2X)

Rita Guerra


A Cada Não Que Dizes




A Cada Não Que Dizes -  (Letra)
Lento
Eu vi morrer o tempo
Morto por fora e por dentro
Como um pai enganado
Um filho roubado
Uma mão de soldado, um pecado
Um cálice, um príncipe
E num salto de lince
Um fim que está perto
Um quarto deserto
Dois tiros no escuro, um peito feito no muro
E o rosto já frio, o som da morte no cio
O passo a compasso
Das botas cardadas
Espadas à espera
O gume, o lume da fera
E ninguém percebeu que o mundo inteiro sou eu
Longe
Um mar que se rasga e me foge
Uma dor que, por mais que se aloje, não vale o aço da bala
Coração que me embala, que estala que empala no medo
Um dédalo, um dedo
Um gatilho já preso
Um rastilho aceso, um fogo às cores pelo céu
Desenhos loucos no breu
Pintura pura a canhão
Talvez vinte homens não cheguem
Talvez aqueles me levem
Talvez os outros se lembrem
Que são homens como os que fogem
E nenhum Deus é maior
Num ódio feito de dor
E ninguém reparou que o mundo inteiro parou
A cada não que dizes
Abre-se um lugar no céu
(2X)
Fracos
Como farrapos na cama
Orgulho feito de lama, e o verbo ser a partir
Palavras presas na alma, ruas de vento e vivalma
Um límpido tiro, um suspenso suspiro
Pietá nas notícias
Gravatas impunes negando as sevícias
Vozes de ferro, de fogo, de fome, de fuga, de facas
E as rugas pobres, já fracas
Um poço morto de sede
Grafftis numa parede
E ninguém percebeu, que o mundo inteiro sou eu
Outros
Loucos, perdidos, sentidos certeiros
Crianças feitas guerreiros
A quem foi roubado o perdão
Dois braços cheios de pão
Na palma, na palma da mão
Um fósforo fátuo
Nos jornais o retrato
De um estilhaço, um abraço
Um pedaço de espaço
De uma pátria sem chão
Uma pétala pródiga, um remorso confesso
Talvez a dor no regresso
Talvez um dia o inverso
Mas isso já eu não peço
O mundo inteiro a fugir
O mundo inteiro a pedir
Que se oiça alto o teu Não
A cada não que dizes
Abre-se um lugar no céu
(3X)
Outros, Fracos, Longe, Lento, Não

Pedro Abrunhosa

Eu Só Quero




Eu Só Quero - (Letra)

Abre-me a porta
Apaga-me a luz
Preciso falar-te agora, de nós, a sós
Abre-me os olhos
Arde-me a pressa
Preciso aguardar-te agora
Tão fora de nós
Abre-me a cama
Arde-me um beijo
Quero voar a nós, soltar a voz que há dentro de nós
Eu só quero o teu braço, que me abraça
Eu só quero o teu beijo, que me afoga
Eu só quero o teu corpo que me enlaça
Eu só quero o teu fogo que me afaga
Eu só quero o teu livro que me ensina
Eu só quero o teu jeito que me ajeita
Eu só quero o teu ar que me fascina.
Eu só quero o teu gozo que me enfeita
Abre-me o sono
Arde-me o sonho
Preciso morar em ti
Demora em mim
Abre-me um dia
Arde-me a fome
Quero voltar aqui... soltar assim, cá dentro de mim
Eu só quero o teu braço, que me abraça
Eu só quero o teu beijo, que me afoga
Eu só quero o teu corpo que me enlaça
Eu só quero o teu fogo que me afaga
Eu só quero o teu livro que me ensina
Eu só quero o teu jeito que me ajeita
Eu só quero o teu ar que me fascina.
Eu só quero o teu gozo que me enfeita

Rita Guerra

Baile Da Paroquia




Baile Da Paroquia ( letra )

Fui ao baile da paróquia
Por alturas do Sao Pedro
Levei a minha lambreta
E o meu velho blusao negro.
Pus calcas americanas
Cocadas e muito justas
Calcei botas alentejanas
E cosi um dragao nas costas.
Punham só Gianni Morandi
Nelson Ned e Marissol
Fui ter com o disco-joca
E encomendei rock and roll.
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom...
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom...
Fui buscar a paroquiana
mais bela da diocese
Era tao pura e singela
Que até dava catequese.
Ensinei-lhe a dancar shake
Pus a pista em alvoroco
Quando fomos dancar slow
A bela nao me deu roco
Puxei-lhe o braco com forca
Fiz uma cena de macho
Estavam la os irmaos dela
Levei um arraial de facho.
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom...
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom...
Vim de la feito num oito
Com a poupa esfrangalhada
E nao me valeu de nada
Dizer que era baterista
Ja ninguém tem respeito
Pelos excessos de um artista!
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom...
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom...

Rui Veloso

Tudo O Que Eu Te Dou




Tudo O Que Eu Te Dou - (Letra)
Eu não sei, que mais posso ser
um dia rei, outro dia sem comer
por vezes forte, coragem de leão
as vezes fraco assim é o coração
eu não sei, que mais te posso dar
um dia jóias noutro dia o luar
gritos de dor, gritos de prazer
que um homem também chora
quando assim tem de ser
Foram tantas as noites
sem dormir
tantos quartos de hotel
amar e partir
promessas perdidas
escritas no ar
e logo ali eu sei...
Tudo o que eu te dou
tu me dás a mim
tudo o que eu sonhei
tu serás assim
tudo o que eu te dou
tu me dás a mim
tudo o que eu te dou
Sentado na poltrona, beijas-me a pele morena
fazes aqueles truques que, aprendes-te no cinema
pego-te eu, já me sinto a viajar
para, recomeça, faz-me acreditar
Não dizes tu, e o teu olhar mentiu
enrolados pelo chão no abraço que se viu
é madrugada ou é alucinação
estrelas de mil cores extasy ou paixão
hum, esse odor, traz tanta saudade
mata-me de amor ou da-me liberdade
deixa-me voar, cantar, adormecer

Pedro Abrunhosa

Fazer o Que Ainda Não Foi Feito




Fazer o Que Ainda Não Foi Feito -  (Letra)
Sei que me vês
Quando os teus olhos me ignoram
Quando por dentro eu sei que choram
Sabes de mim
Eu sou aquele que se esconde
Sabe de ti, sem saber onde
Vamos fazer o que ainda não foi feito
Trago-te em mim
Mesmo que chova no verão
Queres dizer sim, mas dizes não
Vamos fazer o que ainda não foi feito
E eu sou mais do que te invento
Tu és um mundo com mundos por dentro
E temos tanto pra contar
Vem nesta noite
Fomos tão longe a vida toda
Somos um beijo que demora
Porque amanhã é sempre tarde demais
E eu sei que dói
Sei como foi andares tão só por essa rua
As vozes que te chamam e tu na tua
Esse teu corpo é o teu porto, é o teu jeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito
Sabes quem sou, para onde vou
A vida é curva, não uma linha
As portas que se fecham e eu na minha
A tua sombra é o lugar onde me deito
Vamos fazer o que ainda não foi feito
E eu sou mais do que te invento
Tu és um mundo com mundos por dentro
E temos tanto pra contar
Vem nesta noite
Fomos tão longe a vida toda
Somos um beijo que demora
Porque amanhã é sempre tarde demais
Tens uma estrada
Tenho uma mão cheia de nada
Somos um todo imperfeito
Tu és inteira e eu desfeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito
E eu sou mais do que te invento
Tu és um mundo com mundos por dentro
E temos tanto pra contar
Vem nesta noite
Fomos tão longe a vida toda
Somos um beijo que demora
Porque amanhã é sempre tarde demais
Vem nesta noite
Fomos tão longe a vida toda
Somos um beijo que demora
Porque amanhã é sempre tarde demais
Porque amanhã é sempre tarde demais
Porque amanhã é sempre tarde demais
Porque amanhã é sempre tarde demais

Pedro Abrunhosa


Gostar de Ti




Gostar de Ti - Rita Guerra (Letra)

A noite já caiu
E trouxe de novo o silêncio
O quarto está vazio
Porque tu já não estás mais aqui
Ao pé de mim
O tempo parou
No momento em que partiste
O amor acabou
Num breve beijo triste
Mas pra mim não é o fim
Enquanto o sol brilhar
E o rio correr pra o mar
Enquanto houver luar
E o mundo não parar
Enquanto o sol nascer
Enquanto o fogo arder
E o meu coração bater
Eu vou gostar de ti
Os ecos da paixão
Fantasmas de um amor perfeito
São a recordação
Que o meu pobre peito quer soltar
Mas eu não vou deixar
Enquanto o sol brilhar
E o rio correr para o mar
Enquanto houver luar
E o mundo não parar
Enquanto o sol nascer
Enquanto o fogo arder
E o meu coração bater
Eu vou gostar de ti

Rita Guerra

Só Tu




Só Tu - (Letra)

Hoje, a minha noite nunca mais tem fim
Porque eu não tenho tudo o que és pra mim
O meu céu na terra, calma no meu mar
Paz na minha guerra, luz no meu olhar
Só tu sabes, sabes
Como fazer a chuva parar
Só tu fazes, fazes
Só tu fazes o meu sol brilhar
Hoje, sopram ventos, movem-se as marés
Porque eu não tenho tudo o que tu és
O meu céu na terra, calma no meu mar
Paz na minha guerra, luz no meu olhar
Só tu sabes, sabes
Como fazer a chuva parar
Só tu fazes, fazes
Só tu fazes o meu sol brilhar
Sem ti não há mais amanhecer
Sem ti o tempo parou de correr
No céu sem cor sou praia sem mar
Noite sem luar
Só tu sabes, sabes
Como fazer a chuva parar
Só tu fazes, fazes
Só tu fazes o meu sol brilhar
(2X)

Rita Guerra





Fala-me de Amor




Fala-me de amor ( letra )

Acabei por ter um fraco por ti
Que foi como veio eu não percebi
Pergunto como estás a velha certeza
Será que tu sabes o que correu mal
Hoje eu já sabia dizer ...
Ama-me , Leva-me , p´ra lá do meu horizonte
Fala-me de amor , Fala-me de amor
Segue-me , prende-me , p´ra lá do meu horizonte
Fala-me de amor , Fala-me de amor
Quero te dizer que ainda estou aqui
Todo o tempo á espera de ti
Quero te alcançar estou a pedir
Para ser como era que te conheci
Hoje eu já sabia dizer ...
Fala-me de amor ....

Rui Veloso

Já Não Há Canções De Amor


Já Não Há Canções De Amor - (letra )

Um deste dias vou poder
apaixonar-me outra vez
sem me importar de saber
se vai durar um ano ou um mês
Correr e saltar num dia
depois não dormir tranquilo
pensar que o amor é isto
e descobrir que afinal é aquilo
Já não há canções de amor
como havia antigamente
já não há canções de amor
Um destes dias vou ser capaz
de encontrar a felicidade
avançar em marcha atrás
ir de verdade em verdade
Dizer que o amor é aquilo
que ontem estava descoberto
e ver que o fim duma paixão
espreita sempre um deserto
Já não há canções de amor
por não haver quem acredite
já não há canções de amor
por não haver quem acredite
E vós almas tão ingénuas
cujo amor não tem saída
que buscais nas tolas canções
o açúcar que adoça a vida
Não percebeis que é o engano
que prova que há uma chance
acertar à primeira não é humano
é a essência do romance
Já não há canções de amor
como havia antigamente
já não há canções de amor
vou investigar o caso
com o máximo rigor
tirar a limpo a verdade
que há nas canções de amor
vou saber se ainda é possível
escrever canções de amor

Rui Veloso

Momento




Momento -  (Letra) 
Uma espécie de céu
Um pedaço de mar
Uma mão que doeu
Um dia devagar
Um Domingo perfeito
Uma toalha no chão
Um caminho cansado
Um traço de avião
Uma sombra sozinha
Uma luz inquieta
Um desvio na rua
Uma voz de poeta
Uma garrafa vazia
Um cinzeiro apagado
Um hotel na esquina
Um sono acordado
Um secreto adeus
Um café a fechar
Um aviso na porta
Um bilhete no ar
Uma praça aberta
Uma rua perdida
Uma noite encantada
Para o resto da vida
Pedes-me um momento
Agarras as palavras
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas
Levas a cidade
Solta me o cabelo
Perdes-te comigo
Porque o mundo é o momento
Uma estrada infinita
Um anuncio discreto
Uma curva fechada
Um poema deserto
Uma cidade distante
Um vestido molhado
Uma chuva divina
Um desejo apertado
Uma noite esquecida
Uma praia qualquer
Um suspiro escondido
Numa pele de mulher
Um encontro em segredo
Uma duna ancorada
Dois corpos despidos
Abraçados no nada
Uma estrela cadente
Um olhar que se afasta
Um choro escondido
Quando um beijo não basta
Um semáforo aberto
Um adeus para sempre
Uma ferida que dói
Não por fora, por dentro

Pedro Abrunhosa



Beijo




Beijo - (Letra)

Não posso deixar que te leve
O castigo da ausência,
Vou ficar a esperar
E vais ver-me lutar
Para que esse mar não nos vença.
Não posso pensar que esta noite
Adormeço sozinho,
Vou ficar a escrever,
E talvez vá vencer
O teu longo caminho.
Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua.
Leva os meus braços,
Esconde-te em mim,
Que a dor do silêncio
Contigo eu venço
Num beijo assim.
Não posso deixar de sentir-te
Na memória das mãos,
Vou ficar a despir-te,
E talvez ouça rir-te
Nas paredes, no chão.
Não posso mentir que as lágrimas
São saudades do beijo,
Vou ficar mais despido
Que um corpo vencido,
Perdido em desejo.
Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua.

Pedro Abrunhosa




sexta-feira, 11 de maio de 2012

Competência Para Amar - Clã



Competência Para Amar -(Letra)

Vieste comigo
nesse jeito pós-moderno
de não querer saber nada
de não fazer perguntas
essa pose cansada
tão despida de emoção
de quem já viu tudo
e tudo é uma imensa
repetição
não fosse a minha competência para amar
e nunca teriamos acontecido
num mundo de competências
e técnicas de ponta
a dádiva da fala
quase já não conta
depois quase ias embora
desse modo
evanescente
não soubesse eu ver-te
tão transparente
e teria sido apenas
o encontro acidental
uma simples vertigem
dum desporto radical
não fosse a minha competência para amar
e nunca teriamos acontecido
num mundo de competências
e técnicas de ponta
a dádiva da fala
quase já não conta

 Clã

Tira a Teima - Clã



Tira a Teima -(Letra)
Se um dia me aproximar de ti
Não penses que é só um flirt
Não julgues que é um filme
Que já viste em qualquer parte
Pensa bem antes de agires
Evita ser imprudente
Faz a carta do meu signo
E vê à lupa o ascendente
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Que sou tu não sonhas ao que venho
Não sabes do que sou capaz
Eu dou tudo quanto tenho
Não funciono a meio gás
Vem sentar-te à minha frente
E diz-me o que vês em mim
Não respondas já a quente
Pondera antes de dizer sim
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Diz-me diz-me se vês o granito
Onde a cidade, os grandes temas
Diz-me se vês o amor infinito
Ou somente um par de algemas
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou

Clã

Amuo - Clã



Amuo - (Letra)

Vejo que estás mais crescida
Já dobras a frustração
Bates com a porta ao mundo
Quando ele te diz não
Envolves o teu espaço
Na tua membrana ausente
Recuas atrás um passo
Para depois dar dois em frente
Amuar faz bem
Amuar faz bem
Ficas descalça em casa
A fazer a tua cura
Salva por um bom amuo
De fazer má figura
Amanhã o mundo inteiro
Vai perguntar onde foste
E tu dizes apenas
Que saíeste, viajaste
Amuar faz bem
Amuar faz bem
Nada como um bom amuo
Apenas um recuo quando nada sai bem
E depois voltar
Como se nada fosse
E reencontrar o lugar
Guardado por um bom amuo

Clã

Rei do Bairro Alto - Pedro Abrunhosa




Fonte YouTube

Rei do Bairro Alto - (Letra)


Vou de costas mas vou indo,
Onde há quem desça eu vou subindo,
O meu casaco de pele,
O meu Porsche vermelho,
Se eu puxar de papel
Já não me sinto tão velho.
Hum, estou bem!
Se os outros vão eu vou também,
Gosto que me vejam
O decote em janela,
Aprendi esta pose,
Já tenho um pé na novela.
Olha bem pr’a mim,
Já viste alguém assim?
Não há ninguém tão bom
E nada me vai deter,
Vou dar o salto,
Vou ser o Rei do Bairro Alto!
Vou dar o salto,
Vou ser o Rei do Bairro Alto!
Entro de lado no Porto inteiro,
Conheço o dono e o porteiro.
Tenho um vestido de malha,
E um olhar que não falha,
Vi na revista do cabeleireiro.
Hum, vou a pé!
Levo a guitarra e o djambé,
Se há coisa que me oprime
É não ter um Moleskine,
Filosofia de rodapé.
Olha bem pr’a mim,
Já viste alguém assim?
Não há ninguém tão bom
E nada me vai deter,
Vou dar o salto,
Vou ser o Rei do Bairro Alto!
Vou dar o salto,
Vou ser o Rei do Bairro Alto!

Ah, espelho meu!
Eu na terra e o sol no céu,
Vou dormir ao som da fama,
Este país é por mim que chama.
Vou dar o salto,
Vou ser o Rei do Bairro Alto!
Vou dar o salto,
Vou ser o Rei do Bairro Alto!

Pedro Abrunhosa


Para Sempre - Clã



Para Sempre -  (Letra)

Muito cedo perdi o medo, revirei as estrelas
que faziam parte da minha canção de criança
da recordação tornada herança
perdi as Fadas, os Anões e as Sereias
e entendi que no espelho há mais belos do que eu
Romeu e Julieta não são um exemplo são
e as arcas dos templos estão perdidas
muito cedo, deixei suspensas as crenças
que comandavam parte da minha razão
e da razão falsa do cinema de criança
guardei perverso uma outra lição
entendi que mesmo sem a Bela Adormecida
posso ser Príncipe e transformar alguém Valente
que não tema relembrar
os contos perdidos, para sempre ...
perdidos para sempre
muito cedo, deixei-te ver a minha paixão
e todo a calor da minha mão em chamas
esqueci-me do Dragão na guarda do castelo
da Bruxa e seu veneno
e entendi que na magia dum final feliz
eu era ainda um Feiticeiro aprendiz
dos contos de uma vida, para sempre ...
perdidos para sempre
Quem nos criou debaixo de fadas
quem revelou histórias raras
quem nos juntou nas almofadas
quem nos prendeu em noites claras

Clã

Passou Por Mim e Sorriu - Deolinda





Passou Por Mim e Sorriu -  (Letra)

Ele passou por mim e sorriu
e a chuva parou de cair
o meu bairro feio tornou-se perfeito
e o monte de entulho, um jardim
O charco inquinado voltou a ser lago
e o peixe ao contrário virou
Do esgoto empestado saiu perfumado
um rio de nenúfares em flor
Sou a mariposa bela e airosa
que pinta o mundo de cor de rosa
eu sou um delírio do amor
Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa
que o amor é curto e deixa mossa
mas quero voar, por favor
No metro, enlatados, corpos apertados
suspiram ao ver-me entrar
Sem pressas que há tempo
dá gosto o momento
e tudo mais pode esperar
O puto do cão com seu acordeão
põe toda a gente a dançar
e baila o ladrão
com o polícia p'la mão
esvoaçam confetis no ar
Sou a mariposa bela e airosa
que pinta o mundo de cor de rosa
eu sou um delírio do amor
Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa
que o amor é curto e deixa mossa
mas quero voar, por favor
Há portas abertas e ruas cobertas
de enfeites de festas sem fim
e por todo o lado, ouvido e dançado
o fado é cantado a rir
E aqueles que vejo, que abraço e que beijo
falam já meio a sonhar
se o mundo deu nisto e bastou um sorriso
o que será se ele me falar
Sou a mariposa bela e airosa
que pinta o mundo de cor de rosa
eu sou um delírio do amor
Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa
que o amor é curto e deixa mossa
mas quero voar, por favor
(2X)


Deolinda


Não Desistas De Mim - Pedro Abrunhosa




Fonte: YouTube ( Enviado em 21/07/2010 - 'Pedro Abrunhosa & Comité Caviar')

Não Desistas De Mim -  (Letra)

A porta fechou-se contigo
Levaste na noite o meu chão
E agora neste quarto vazio
Não sei que outras sombras virão
E alguém ao menos me diz
Há um perfume que ficou na escada
E na TV o teu canal está aberto
Desenhos de corpos na cama fechada
São um mapa de um passado deserto
Eu sei que houve um tempo em que tu e eu
Fomos dois pássaros loucos
Voamos pelas ruas que fizemos céu
Somos a pele um do outro
Não desistas de mim
Não te percas agora
Não desistas de mim
A noite ainda demora
Ainda sei de cor o teu ventre
E o vestido rasgado de encanto
A luz da manha e o teu corpo por dentro
E a pele na pele de quem se quer tanto
Não tenho mais segredos
Escondi-me nos teus dedos
Somos metades iguais
Mas hoje, só hoje
Leva-me para onde vais
Que eu quero dizer-te
Não desistas de mim
Não te percas agora
Não desistas de mim
A noite ainda demora
E não desistas de mim
Não te percas agora

Pedro Abrunhosa


Vamos fazer o que ainda não foi feito - Pedro Abrunhosa



Vamos fazer o que ainda não foi feito -  (Letra)
Sei que me vês,
Quando os teus olhos me ignoram
Quando por dentro eu sei que choram
Sabes de mim
Eu sou aquele que se esconde
Sabe de ti sem saber onde
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
Trago-te em mim
Mesmo que chova no verão
Queres dizer sim mas dizes não
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
(refrão)
E eu sou mais do que te invento
Tu és um mundo com mundos por dentro,
E temos tanto para contar.
Vem esta noite,
Fomos tão longe a vida toda
Somos um beijo que demora,
Porque amanhã é sempre tarde de mais.
Eu sei que dói,
Sei como foi andares tão só por essa rua
As vozes que te chamam e tu na tua
Esse teu corpo é o teu porto é o teu jeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
Sabes quem sou
Para onde vou
A vida é curva não uma linha
As portas que se fecham e eu na minha
A tua sombra é o lugar onde me deito
(refrão)
Tens uma estrada,
Tenho uma mão cheia de nada.
Somos um todo imperfeito,
Tu és inteira e eu desfeito.
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
(refrão)

 Pedro Abrunhosa

Problema De ExpressãO - Clã



Problema De ExpressãO -  (Letra)
Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.
Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.
E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.

Clã

Um Contra O Outro - Deolinda






Um Contra O Outro - (Letra)

Anda
Desliga o cabo
Que liga a vida
A esse jogo
Joga comigo
Um jogo novo
Com duas vidas
Um contra o outro
Já não basta esta luta contra o tempo
Este tempo que perdemos a tentar vencer alguém
E ao fim ao cabo
Que é dado como um ganho
Vai-se a ver desperdiçarmos
Sem nada dar a ninguém
Anda
Faz uma pausa
Encosta o carro
Sai da corrida
Larga essa guerra
Que a tua meta
Está deste lado da tua vida
Muda de nível
Sai do estado invisível
Põe o modo compatível
Com a minha condição
Que a tua vida
É real e repetível
Dá-te mais que o impossível
Se me deres a tua mão
Sai de casa e vem comigo para a rua
Vem, que essa vida que tens
Por mais vidas que tu ganhes
É a tua que mais perdes se não vens
Anda
Mostra o que vales
Tu nesse jogo
Vales tão pouco
Troca de vício
Por outro novo
Que o desafio
É corpo a corpo
Escolhe a alma
A estratégia que não falha
O lado forte da batalha
Põe no máximo que der
Dou-te a vantagem
Tu com tudo
E eu sem nada
Que mesmo assim desarmada
Vou-te ensinar a perder
Sai de casa e vem comigo para a rua
Vem, que essa vida que tens
Por mais vidas que tu tenhas
É a tua que mais perdes se não vens

Deolinda




Embeiçados - Clã



Embeiçados - (Letra)
Ela tem boca torta
Nariz grande
Cabelo mal cortado
Rói as unhas
Usa cunhas
Mas eu estou apaixonado
Ele tem as suas sardas
Pontos negros
Uma boca exagerada
Desafina e desatina
Mas eu estou apaixonada
Ela é ciumenta, rabugenta
Embirrenta e tagarela
intriguista e moralista
Mas eu estou louco por ela
Ele faz cenas gagas, altas fitas
Não tem confiança em mim
faz-se caro, faz-me trombas
Mas eu gosto dele assim
Diz-se que o amor é cego
Deforma tudo a seu jeito
Mas eu acho que o amor descobre
O lado melhor do que parece defeito
(5X)
Porque eu gosto, gosto dele
E ela gosta, gosta de gostar de mim

Clã

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ai Rapaz - Deolinda





Ai Rapaz - (Letra)

Ai,rapaz
Se tu soubesses bem
como é que eu fico
quando vou ao bailarico
e te miro a dançar
ó uai, à marcial
Já tentei dançar assim também
a esse ritmo, cada passo com sentido
e eu nem gosto de marchar
Ó uai, mas quem me viu?
Ai, rapaz, mas eu queria
uma valsa a três passos
dar-te a mão e ver a vida,
agarrada a teus braços, ai
Fui-me pôr
Sentada mesmo à frente
e ali esperei
A tantos eu neguei
o prazer da minha dança
ó uai, que era só tua
Mas o bar também chamou por ti
num entretanto e a banda ia tocando
e quando tu de lá voltaste
ó uai, a valsa acabou
Ai, rapaz, mas eu queria
ir na roda e ser teu par
Dar-te a mão, ir na folia
E não mais a te largar, ó uai
Foi então
Que a roda se fez
ao largo, larga
tanta gente, muita farra
e nós ali na multidão
ó uai, com outro par
Fui passando
par a par, nem sei
quantos ao certo
e tu cada vez mais perto
e quando só faltava um
ó uai, veio o leilão
Ai, rapaz, o que eu queria
era um baile bem mandado
que nos guiasse à sacristia
e voltássemos casados,ai
E do palco
surgiu uma voz
e a concertina:
"Roda Manel, vira Maria
e quem não vira perde a roda!"
Ó uai, e eu virei
Mas a voz
puxada à concertina
mais pedia e acelerava a melodia
os pés trocavam-se no chão
Ó uai, e assim foi
Ai, rapaz, e foi o baile
sem alma nem coração
mal cantado e mal mandado
que me atirou ao chão,ó uai
E foste tu a dar-me a mão

Ai Rapaz - Deolinda



A Problemática Colocação de um Mastro - Deolinda





A Problemática Colocação de um Mastro - (Letra)

 
A problemática colocação de um mastro
Para efeitos de enfeitar a avenida
Com balões dependurados, papelinhos coloridos
Trouxe o insólito sarilho à autarquia
É que esta idealidade
Agiu em conformidade
Com o gosto colossal de dois ou três
E anunciou com muito orgulho
Muita pompa e barulho
Que o maior mastro do mundo é Português
E anunciou com muito orgulho
Muita pompa e barulho
Que o maior mastro do mundo é Português
Os olhares que se pasmavam na escalada
Não alcançavam nem o meio, nem o fim
Para muitos aquele mastro é má contenção de gastos
Para outros, ele está muito bem assim
O fascínio é humano
E o que é grande em tamanho
Glorifica sempre muito quem o fez
Isto exalta uma nação
E há que dizê-lo com razão
Que o maior mastro do mundo é Português
Isto exalta uma nação
E há que dizê-lo com razão
Que o maior mastro do mundo é Português
São Pedro perdeu as chaves
Santo António o menino
São João foi pelos ares
E para mal dos seus azares
Não encontra o cordeirinho
Santo António anda tonto
São Pedro diz que não vê
São João caiu redondo
E do céu deu um tombo
Tropeçou não sabe em quê
Inquieta a multidão na avenida
Assobia por tanto ter de esperar
Mas nem bairros, nem bairristas, nem as tais marchas previstas
O expectante espectador viu desfilar
Quem se entende com altares
Diz que os santos populares
Não desfilam pelas ruas desta vez
Que nos falte a tradição
Ao menos valha a emoção
Que o maior mastro do mundo é Português
Que nos falte a tradição
Ao menos valha a emoção
Que o maior mastro do mundo é Português
Recuperados os santos dos seus maus-tratos
Os responsáveis resolveram confrontar
Escorregando pelo mastro, perguntaram cá em baixo
Que país levantou alto este pilar
Para a porta do vizinho
Toda a gente varreu lixo
Quando a culpa nos aponta e envolve
E quando toca ao país
Patriota é o que diz
Que o maior mastro do mundo é Espanhol
El postito Portugués
Solo es grandito en pequenez
Pero el maior mastro del mundo es Español
São Pedro perdeu as chaves
Santo António o menino
São João foi pelos ares
E para mal dos seus azares
Não encontra o cordeirinho
Santo António anda tonto
São Pedro diz que não vê
São João caiu redondo
E do céu deu um tombo
Tropeçou não sabe em quê
(2X)

 Deolinda




Restolho - Mafalda Veiga





Restolho - (Letra)
 
Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário
Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade
Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
E a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração
Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
E a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração

Restolho - Mafalda Veiga



Outra Margem De Mim - Mafalda Veiga





Outra Margem De Mim -  (Letra)

 
É muito tempo a desejar o tempo
De mudar ventos, levantar marés
É muita vida a desejar o alento
Que faz saber ao certo quem és
É funda a toca onde te escondes tanto
Tem a distância entre o silêncio e a voz
A vida rasga bocadinhos gastos do mundo
Vai descascando até chegar a nós
A tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salva
Do que o medo fechou
São muitos dias a perder em vão
Sem nunca entrar dentro de um labirinto
É muita vida a não ser o que tu sentes
A planar sobre o que eu sinto
É quase noite, não te escondas mais
Vai desatando até entrar o ar
Dá-me um gesto que me diga o teu fundo
Uma palavra para te tocar
Tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salve
Do que o medo fechou
Tu que sabes tanto do sol
E és uma de outra margem de mim
Olha-me dentro como chão que me agarre
Pode ser esta noite quente
A estrada aberta mesmo à nossa frernte
A tu e eu a descobrir o ar
Não é preciso correr
Não é urgente chegar
O que é preciso é viver

Mafalda Veiga




À Espera do Sol - Rita Guerra





À Espera do Sol - (Letra)

No dia em que te foste embora anoiteceu
Desde essa dia nunca mais amanheceu
E sei que desde então vivo na escuridão
À espera do sol, talvez do luar
À espera de luz pra me iluminar
À espera de quem já me fez feliz
À espera do sol, à espera de luz,
À espera de ti
Agora a noite é a minha companhia
Porque tu foste e levaste a luz do dia
E sei que desde então vivo na escuridão
À espera do sol, talvez do luar
À espera de luz pra me iluminar
À espera de quem já me fez feliz
À espera do sol, à espera de luz,
À espera de ti

Rita Guerra






Imortais - Mafalda Veiga





Imortais - (Letra)

Por mais que a vida nos agarre assim
Nos troque planos sem sequer pedir
Sem perguntar a que é que tem direito
Sem lhe importar o que nos faz sentir
Eu sei que ainda somos imortais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se o meu caminho for para onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes
É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu te sei dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer
Por mais que a vida nos agarre assim
Nos dê em troca do que nos roubou
Às vezes fogo e mar, loucura e chão
Ás vezes só a cinza do que sobrou
Eu sei que ainda somos muito mais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se a minha vida for por onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes
É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu sei te dizer
(2X)
Mil vezes mais do que eu te sei dizer
(2X)

Mafalda Veiga



A Gente Vai Continuar - Jorge Palma





A Gente Vai Continuar -  (Letra)

Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu, o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega a onde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Jorge Palma



Sentimento - Rita Guerra









Sentimento - (Letra)
Já não há palavras que me embalem até
adormecer
Já não há poemas que me falem de amor e bem
querer
Não há mais promessas que me façam sonhar
Não há mais pra sempre em que acreditar
Já não há sentimento, não há nada que te
faça amar
Já não há sentimento nesse olhar
Já não há segredos partilhados sem nada a
prever
Já não há corpos abraçados até amanhecer
Não há mais futuro, o presente acabou
O passado é tudo o que de nós ficou
Já não há sentimento, não há nada que te
faça amar
Já não há sentimento nesse olhar
(3X)

Rita Guerra




A Canção De Lisboa - Jorge Palma




A Canção De Lisboa - (Letra)

Os serões habituais
E as conversas sempre iguais
Os horóscopos, os signos e ascendentes
Mais a vida da outra sussurrada entre os dentes
Os convites nos olhos embriagados
E os encontros de novo adiados
Nos ouvidos cansados ecoa
A canção de Lisboa
Não está só a solidão
Há tristeza e compaixão
Quando o sono acalma os corpos agitados
Pela noite atirados contra colchões errados
Há o silêncio de quem não ri nem chora
Há divórcio entre o dentro e o fora
E há quem diga que nunca foi boa
A canção de Lisboa
Mamã, mamã
Onde estás tu mamã
Nós sem ti não sabemos mamã
Libertar-nos do mal
(2X)
A urgência de agarrar
Qualquer coisa para mostrar
Que afinal nós também temos mão na vida
Mesmo que seja a custa de a vivermos fingida
O estatuto para impressionar o mundo
Não precisa de ser mais profundo
Que o marasmo que nos atordoa
Ó canção de Lisboa
As vielas de néon
E as guitarras já sem som
Vão mantendo viva a tradição da fome
Que a memória deturpa e o orgulho consome
Entre o orgasmo e a gruta ainda fria
E o abandonado da carne vazia
Cada um no seu canto entoa
A canção de Lisboa
Mamã, mamã
Onde estás tu mamã
Nós sem ti não sabemos mamã
Libertar-nos do mal
(2X)

Jorge Palma